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Anos 80, o pós-punk e a fragmentação pop do rock

25-03-2009 12:07

Para o rock, os anos 80 começaram em 1977. Em Agosto daquele ano, morreu o rei do rock Elvis Presley. Foi o ano em que também os The Police gravaram o seu primeiro compacto, os Sex Pistols lançaram “Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols”, o seu único álbum na carreira, e bandas como Talking Heads, Blondie, Elvis Costello & the Attractions, Siouxsie and The Banshees e B-52’s já estavam a tocar e a gravar. Enquanto a febre da discoteca tomava conta dos tops, o rock dos anos 80 estava a ser forjado em clubes alternativos como o CBGB, de Nova Iorque (EUA), e em gravadoras independentes como a Factory Records, de Manchester (Inglaterra). Apesar de que a estética dos anos 80 estava sendo forjada desde 1977, na virada da década dois factos anunciaram definitivamente que os anos 70 acabaram: o fim dos Led Zeppelin, após a morte do seu baterista, e o assassinato de John Lennon em Nova Iorque.

Sex Pistols

O ambiente social da década de 80 caracterizou-se por políticas conservadoras e um ultraliberalismo económico, decorrentes em grande parte dos governos do ex-actor Ronald Reagan, na presidência dos Estados Unidos, e de Margaret Thatcher, como primeira-ministra do Reino Unido, que se mantiveram no poder durante praticamente toda a década. Além disso, um avanço moralista em reacção ao consumo de drogas e às liberalidades sexuais, tomou conta do planeta. Outra característica histórica dos anos 80 foi a intensificação da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que levaria ao colapso do modelo socialista soviético ao final da década. Mas, enquanto emergiam essas visões conservadoras, a busca por mais liberdades e justiça social também crescia, com o fortalecimento de movimentos sociais e a mobilização da juventude. Diferentemente da década de 60, a juventude dos anos 80 não apostava mais no modelo comunal, como dos hippies, nem numa rígida filiação ideológico-partidária. Ela era mais individualista e pragmática.

Essas características reflectiram-se no rock. Após o abalo artístico e comportamental provocado pelo punk, o rock reinventou-se nos anos 80 de forma mais fragmentada. A década do pós-punk assistiu ao surgimento de uma diversidade de estilos nunca antes vista no género. Estilos que misturavam desde o rock’n’roll dos anos 50 até a música electrónica e a disco music do final dos anos 70. Essa diversidade de influências levou ao surgimento de um rock mais próximo do pop, mais dançante, mas também mais melancólico e nostálgico.

O primeiro movimento pós-punk a fazer sucesso nos anos 80 foi a new wave. Herdeira de diversos aspectos do punk nova-iorquino, ela era uma música mais melódica e com letras inteligíveis, que trazia influências da discoteca e do reggae e incluía recursos como sintetizador e bateria electrónica. Com um visual que lembrava o dos mods dos anos 60, só que mais colorido, a new wave é uma das características marcantes da década. Ela é um dos exemplos mais bem sucedidos da aproximação do rock com a música pop. Dançante e sem propor rupturas radicais, ela teve seus expoentes em bandas como The Police, Talking Heads, Blondie, Elvis Costello and The Attractions e B52’s, que alcançaram os tops, principalmente na primeira metade da década.

The Police

Diferente do bom humor muitas vezes intelectualizado da new wave e em oposição ao som alegre e descomprometido da música de discoteca, surge nos anos 80 o rock gótico ou dark. Canções cheias de angústia, introspectivas e com tons sombrios reflectiam uma visão niilista do mundo, que os grupos como Siouxsie and The Banshees, Sisters of Mercy, Bauhaus e The Cure traziam. O rock gótico não somente foi um grande sucesso nos anos 80 como sobreviveu como um subgénero do rock nas décadas seguintes.

Exemplo da diversidade que o rock dos anos 80 apresentou foi o heavy metal, que se subdividiu desde o estilo mais ameno e comercial de Bon Jovi até o trash metal de Mettalica, sem esquecer os seguidores do estilo mais clássico como AC/DC, Van Halen e Aerosmith. Outra vertente do rock dos 80 foi o new romantics ou new pop. Derivados da new wave, estes géneros trouxeram canções baseadas em sintetizadores, dançantes e letras românticas. Os rocks new romantics de Duran Duran, Culture Club e Soft Cell inseriram-se completamente no universo da canção pop, que àquela altura já se havia tornado num megagénero da canção popular.

Á esquerda Metallica, á direita AC/DC

Conseguir misturar melancolia e músicas dançantes foi uma das características importantes dos anos 80. Bandas que surgiram na cidade de Manchester (Inglaterra) como Joy Division e New Order, em torno da gravadora independente Factory Records, e outras como Depeche Mode e Pet Shop Boys usavam sintetizadores e baterias electrónicas para transformar letras melancólicas em sucessos nas pistas de dança. De Manchester surgiram também os Smiths, uma banda fundamental para o pop a partir dos anos 80, liderada por Steven Morrissey, que se revelou como um dos mais importantes letristas da história do rock.

Mas além de dançante, o rock também foi engajado nos anos 80. Os irlandeses dos U2, começaram a fazer sucesso atrás de sucesso com as suas músicas, que falavam sobre questões sociais e políticas da Irlanda do Norte, que serviram de paradigma para várias outras situações de opressão no mundo. Nos Estados Unidos, Bruce Sprigsteen, com o seu rock que falava do quotidiano das classes baixas e dos trabalhadores norte-americanos, e os R.E.M, com um rock universitário intelectualizado, com ácida crítica social e comportamental, emergiram com uma música pós-punk sem o uso de sintetizadores e sem aderir a adocicada canção pop.

U2

Durante a década de 80, mesmo com a sua aproximação do estilo pop, o rock manteve-se como a trilha sonora e um ponto de referência para manifestações políticas dos jovens. A fome na África (Live Aid,em 1985), a libertação de presos políticos (A Conspiracy of Hope Concerts, em 1986) e os direitos humanos (Humans Rights Now, em 1988) são alguns dos movimentos em que artistas e grupos de rock se seduziram e ajudaram na divulgação e no debate dessas questões.

Com dezenas de subgéneros e em boa parte absorvido pelo universo da canção pop, o rock caminhou para o final dos anos 80 como o género da canção popular mais bem sucedido no mundo inteiro. Além de ter se tornado tão diversificado a ponto de agradar a diferentes gostos, do dançante ao introspectivo, do descomprometido ao engajado, do ultra-romântico ao irónico, o rock ganhou amplitude nos primeiros anos da Music Television (MTV) e mostrou que continuava a ser uma forma de expressão dos anseios da juventude. Só que agora, ele dividia o espaço e o sucesso no universo da canção popular com a ascendente música electrónica, o rap e as canções pop sob o reinado de Michael Jackson e Madonna.

O marco final da década de 80 ocorreu a 9 de Novembro de 1989. Após 28 anos de existência, caiu o Muro de Berlim, construído para separar a então Alemanha Oriental da Ocidental, simbolizando o colapso do modelo socialista implantado no Leste Europeu e na União Soviética e o final da Guerra Fria. Era a “vitória” do modelo político, económico e social do Ocidente capitaneado pelos Estados Unidos. Enquanto o mundo assistia ao apagar das luzes dos anos 80, o rock da década de 90 já estava a ser preparado. De um lado na cidade de Manchester (Inglaterra), que já havia revelado ao mundo os Smiths, Joy Division e New Order, começou, em torno do Hacienda Club, uma cena musical regada a drogas sintéticas, que tinha como destaques os Happy Mondays e os Stone Roses. Do outro lado do Atlântico, um grupo de garagem de Seattle (EUA) lançou, por uma gravadora independente, um álbum que mudaria completamente a trajectória do rock.

Fonte: www.hsw.uol.com.br